Sexta-feira, 2 de Maio de 2008

Entrevista ao JN

Pedro Passos Coelho deu uma entrevista ao JN que aconselho vivamente a ler na  íntegra. Posto isto, deixo aqui alguns excertos especificamente sobre as questões que mais têm agitado a blogosfera relativamente à sua candidatura.


Papel do Estado


Defendo um Estado forte e digno que não dependa dos privados para exercer a sua função, leia-se negociação das parcerias público-privadas, por exemplo na área da saúde. O primeiro-ministro vem dizer que o Estado não tem competência para fazer negociação com os privados e que portanto não se fazem...

Já estavam lançadas quatro.

Mas houve um recuo. Ora, acho que o Estado deve ter competência para negociar com os privados. E não o pode fazer de uma forma que lance dúvidas sobre a sua independência. Defendo, por isso, o reforço do Estado na sua função reguladora, séria e autónoma face aos privados. Em segundo lugar acho que o Estado precisa de se retirar da economia. Quem cria a riqueza não é o Estado, são as empresas e os indivíduos e nós devemos criar um horizonte muito bem definido de alienação, de retirada do Estado da economia.



Liberdade

Coloca-se como liberal. A liberdade maior tem como consequência maior risco. Acha que os portugueses estão preparados?

Dar mais liberdade implica também dar mais responsabilidade às pessoas. Se queremos que as pessoas sejam mais livres de decidir, temos também de as responsabilizar. Um exemplo. Este Governo fez uma reforma ao nível das pensões que é de saudar. Mas não mexeu no modelo de financiamento. Não apostamos na capitalização. Temos de fazer esse salto qualitativo. Claro que isto envolve risco. Se eu disser que o Estado garantirá sempre no futuro a solução, quer as pessoas tenham poupanças, quer as pessoas não tenham, estou a promover não uma escolha livre, mas uma escolha sem responsabilidade. Acho que esta pedagogia tem de ser feita.

Transponha para a área económica. Aceita maior flexibilidade ao nível do emprego e do despedimento?

Acho indispensável. Temos de caminhar para uma maior flexibilidade das regras laborais. Há que vencer dois mitos. O do despedimento massivo - flexibilizar as regras laborais não significa permitir o despedimento massivo porque as empresas precisam de trabalhadores; a ideia de que as pessoas têm empregos para a vida inteira. Isso não existe, é um anacronismo claro.



Direita e Esquerda

O PSD nunca escondeu que defendia uma social-democracia à portuguesa. Definiu-se sempre como reformista, pela Europa e pela economia de mercado. Esta é a história do PSD. O PS demorou muitos anos a perceber que a área pública era essencial para a definição das regras sociais, mas que não podia ser um peso para a sociedade. E o PSD esteve sempre à frente, a puxar para a economia de mercado. Isto é ser de direita ou ser de esquerda?

A esquerda dirá que é ser de direita.

E eu direi que em muitos sentidos isto foi feito contra a estatização mas pela libertação da sociedade civil. Isto é uma ideia de direita? Querem colocar a libertação da sociedade civil à direita? Julgo que não. Conheço muita direita centralista e estatizante e conheço muita esquerda conservadora.



Pacto de Silêncio

Espero que a seguir à eleição directa e ao congresso haja condições para a união do PSD, mas tenho dito que a união não quer dizer unanimismo. É útil que as pessoas saibam que dentro dos partidos há correntes de pensamento, de estratégia alternativas. Os que perderem não precisam de se envergonhar daquilo que pensam, pelo contrário, devem manter a sua observação. Não exijo uma unanimidade de opiniões nem exigirei o silenciamento de ninguém.

publicado por Vasco Campilho às 12:48
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Quinta-feira, 1 de Maio de 2008

Direita e Esquerda

Sobre este assunto o Paulo Gorjão disse o que havia a dizer bem melhor do que eu alguma vez o faria (acontece vezes demais, hélàs!). Se ainda assim me aventuro nele de novo, é só para dar algum troco ao que diz Manuel Pinheiro aqui:

O Vasco Campilho esforça aqui uma possível defesa, alegando que "ao recusar posicionar-se na dicotomia esquerda/direita, Pedro Passos Coelho reconhece que essa dicotomia diz pouco aos portugueses". Talvez diga, talvez não, há certamente muita coisa que diz pouco aos portugueses, muita dela estudada e documentada no Eurostat ou na OCDE, e olhe que não é para especial contentamento.

Manuel, não é talvez. De facto a dicotomia esquerda/direita tem pouca ou nenhuma relevância no panorama político português, como pode comprovar se se referir aos estudos empíricos publicados por Carlos Jalali no seu instant classic Partidos e Democracia em Portugal 1974-2005. São muito reveladores os quadros sobre a saliência de clivagem nas diferentes eleições legislativas. Mas o que eu mais gostei foi aquele gráfico em que se mostra a inexistência de correlação entre o auto-posicionamento dos eleitores numa escala esquerda-direita e as respostas sobre o peso do Estado na economia...
publicado por Vasco Campilho às 15:02
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Quarta-feira, 30 de Abril de 2008

Esquerda e Direita

Houve várias reacções na blogosfera às declarações de Pedro Passos Coelho em que o candidato a líder do PSD afirma não ser de direita nem de esquerda. Curiosamente, ambas obliteraram a parte afirmativa da declaração, em que Pedro Passos Coelho se afirma reformista e liberal. Estranha cegueira: vinha no título da peça!...

Já nos Prós & Contras da semana passada, Pedro Passos Coelho se recusou a ser encostado à direita por Fátima Campos Ferreira. Não, Carlos Botelho, não há aqui comodismo, nem sequer tacticismo: há aqui um posicionamento político claro construído numa coerência de anos.

Ao recusar posicionar-se na dicotomia esquerda/direita, Pedro Passos Coelho reconhece que essa dicotomia diz pouco aos portugueses. Ao definir-se como reformista e liberal, o candidato à liderança do PSD está a enviar uma mensagem muito mais clara aos portugueses do que se dissesse "sou de (centro-)esquerda" ou "de (centro-)direita". Está a enviar a mensagem de que a sua governação será uma governação de movimento e de mudança; e está a enviar a mensagem de que a sua governação será marcada pelo valor da liberdade em todas as suas dimensões - pública, económica, privada, cívica.

Bem vistas as coisas, comodismo seria definir-se em relação a uma dicotomia esquerda-direita cujo conteúdo ninguém hoje sabe concretizar.
publicado por Vasco Campilho às 10:02

editado por O futuro é agora às 11:17
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