Enquanto o Bruno Alves
não toma o poder, faço uso da liberdade que me resta para continuar a troca de argumentos que iniciámos há alguns dias :-)
Começo logo por conceder um ponto: de facto, cabe a Pedro Passos Coelho convencer as pessoas da sua determinação em dar sequência efectiva ao discurso político que inaugurou. Nós, seus apoiantes já convencidos, até podemos questionar as bases em que as dúvidas se fundamentam. Mas só o candidato pode verdadeiramente convencer.
Por isso eu compreendo que o Bruno Alves esteja à espera de um sinal mais claro que lhe permita acreditar. Penso é que o sinal que
ele pediu não virá nos
termos em que ele o pediu, nem deve vir.
E não deve vir porquê? Porque rejeitar apoios é colocar um estigma nas pessoas. Porque estigmatizar as pessoas é contrário aos valores que Pedro Passos Coelho afirmou. E porque rejeitar apoios é enfraquecer uma dinâmica mobilizadora e inclusiva onde todos poderão ter um papel positivo, independentemente das atitudes que tenham tomado no passado. Ora é dessa dinâmica que o PSD precisa para reganhar o País e fazer avançar uma agenda política com a qual o Bruno Alves se possa identificar (mais).
Não deixa de ser verdade, porém, o que Bruno Alves tem vindo a afirmar nesta sequência de posts dedicados a Pedro Passos Coelho: sem prejuízo da sua enorme vontade de ganhar (digo eu), a força desta candidatura provém da sua disponibilidade para perder. Já ouvi o candidato afirmá-lo várias vezes na comunicação social. E tenho visto sinais claros disso, como por exemplo o desassombro da
entrevista ao Correio da Manhã.
O tempo vai fazendo o seu trabalho. Talvez esteja para breve o dia em que o Bruno Alves tenha recebido os sinais de que precisa - mesmo que não sejam aqueles que ele pediu.
Ao
João Gonçalves não lhe passa pela cabeça que Pedro Passos Coelho diga o que diz antes de mais nada por convicção?
Caro
Bruno, não pretendi ofender ou maltratar o seu pensamento. Não era essa a intenção, evidentemente, e não queria que o entendesse dessa forma.
Purismos à parte, gostaria apenas de explicar as duas razões pelas quais me senti impelido a escrever o post em causa. Em primeiro lugar, estou convencido que a postura do comentador não se adapta à função do político numa sociedade democrática. É a tal velha questão weberiana da ética da convicção vs. ética da responsabilidade. Em segundo lugar, tenho uma já antiga implicação com os comportamentos, digamos,
self-defeating de muita da blogosfera liberal portuguesa, que não ajudam essa corrente de ideias a implantar-se mais solidamente no panorama político nacional.
Devo dizer que interpretei a sua dúvida sobre Pedro Passos Coelho justamente à luz dessa convicção e dessa implicação. Admito que erradamente. Sobre o fundo da questão, quem o esclarecerá melhor não serei eu, será o próprio candidato:
Não teme ser colado ao “menezismo”?
Aceito de muito bom grado apoios de todas as pessoas que concordarem com o que digo e com o que proponho. Espero que muitas das pessoas que apresentaram uma solução que eu critiquei e que não apoiei possam votar em mim hoje. Mas quererem transformar-me de um dia para o outro no herdeiro do dr. Luís Filipe Menezes é que me parece um absurdo tal que não merece mais comentários.