João Miranda, em resposta a Bruno Alves, sobre o partido autárquico e a agenda reformista e liberal (bolds meus):
Bem ou mal, o partido autárquico tem o mérito de conseguir manter vivos centros políticos de pode fora de Lisboa. Os interesses do partido autárquico são interesses reais de pessoas reais. Devem-se a factos políticos reais. Resultam de problemas que constituem entraves reais ao desenvolvimento do país. Lembro que no país ainda vivem pessoas que nada vão ganhar com o aeroporto de Alcochete, a nova ponte sobre o Tejo, o túnel de Alcântara e o TGV. Isso constitui um problema e um desafio para qualquer agenda “liberal e reformista”. Aliás, não consigo imaginar uma lista de problemas que uma agenda “liberal e reformista” deve resolver em que o problema do centralismo não esteja no topo.
De Luis Serpa a 9 de Maio de 2008 às 18:18
Não sou militante do PSD, por isso me é um bocadinho indiferente. Mas sou português, e por isso me interesso. Os méritos de Fernando Ruas não são suficientes para que um candidato à presidência do PSD faça dele mandatário nacional.
Sobretudo se esse candidato baseia a sua candidatura na modernidade.
Mais uma desilusão. Com modernos assim, mais vale votar nos assumidamente clássicos.
De
TAF a 9 de Maio de 2008 às 18:58
Caro Luís Serpa, esse argumento, à luz do que escrevi aqui, não me parece fazer muito sentido. Os "clássicos" querem trabalhar de forma igualmente "clássica", ao passo que PPC trabalhará de forma "moderna". Todos eles, contudo, terão de contar com as mesmas pessoas: os portugueses, tal como somos.
De Luis Serpa a 9 de Maio de 2008 às 23:47
Caro TAF,
tem toda a razão. Os portugueses, "tal como somos", conseguiram levar o país ao sexto lugar da tabela da Europa, a contar de baixo; e com um bocadinho de esforço conseguirão levá-lo, a curto prazo, ao terceiro (a Roménia e a Bulgária levarão um bocadinho mais de tempo a digerir). Fernando Ruas, esse expoente da modernidade - que digo eu, esse símbolo da modernidade - é realmente a pessoa indicada para simbolizar o desejo de ruptura, de mudança, de "não-mais-do-mesmo".
Não tem nada a ver com elites versus povo - para isso seria necessário termos elites - mas sim com as práticas que levaram o país à situação em que está versus uma nova.
Não sou, repito, do PSD. Tinha, forçoso é reconhecer, uma certa simpatia pelo discurso de PPC. Estou-lhe grato ele tê-la dissipado antes de ser eleito.
A saúde está no estado em que está, a justiça e a educação idem, os jovens continuam a emigrar (com a agravante de agora também os formados emigrarem), não há grupo profissional constituído por mais de seis elementos que não tenha uma quinta para defender, estamos a 6 lugares do fim da tabela europeia e PPC quer-nos fazer crer que "integrar" os Fernando Ruas deste país (já agora, para quando o Valentim Loureiro?) vai contribuir para a mudança?
"Somos o que somos", caro TAF, como muito bem diz. E continuaremos a sê-lo, se nem a nova geração consegue cortar certas amarras.
De
TAF a 10 de Maio de 2008 às 00:13
Meu caro, parece que não consegui fazer-me entender. O que eu digo não é que Fernando Ruas é um "expoente de modernidade", mas sim um exemplo do tipo de pessoas com quem PPC (ou qualquer outro líder) terá que trabalhar. Portugal não é feito de agente assim, quer queira quer não. Haverá uns melhores e outros piores, mas é com os que "conseguiram levar o país ao sexto lugar da tabela da Europa, a contar de baixo".
Qual é a sua sugestão alternativa? Romper com estes e contar com quem? Suecos, finlandeses, chineses? Se existe gente muito melhor, por que razão não aparece? Por que não vai à luta, como foi PPC? Se calhar, muita dessa "gente melhor" está precisamente com PPC e não quer afastar ninguém, mas sim produzir bons resultados com todos ("modernos" ou "retrógrados"), adequadamente liderados.
De Luis Serpa a 11 de Maio de 2008 às 00:27
Caro Tiago Fernandes,
Deve ter mais que fazer do que debater com um céptico (melhor seria "ceptizado"). Podia dizer-lhe toda uma série de coisas, mas nenhuma delas seria novidade para si e não valeria a pena.
Já o seu desafio à "luta" tem que se lhe diga. Porque eu luto, todos os dias: contra a grotesca burocracia portuguesa na minha área de actividade; contra os asfixiantes, mortais, prazos de pagamento do Estado português; contra a esquizofrénica, demente dicotomia que há em Portugal entre aquilo que diz o Governo e o que a administração faz; contra a paralisante mania daqueles a que você chama "elite" de julgar um projecto pelo nome da pessoa que o apresenta e não pelo projecto ele mesmo; e, agora, luto (se me permite a hipérbole) contra aquilo que a APL quer fazer em Alcântara, e contra a forma como o está a fazer (mas isto é outra história).
Enfim, forçoso é reconhecer que se Pedro Passos Coelho fôr eleito temos um ano pela frente para ver como consegue fazer sopas novas com panelas velhas. Os outros, já os vimos todos.
Cordialmente,
Luis Serpa
De
TAF a 10 de Maio de 2008 às 00:14
Queria escrever: "Portugal é feito de gente assim, quer queira quer não."
De FV a 9 de Maio de 2008 às 19:15
O maior erro de PPC seria fazer o mesmo que Menezes, ou o que MFL parece querer fazer: limitar a direcção e a imagem do PSD apenas aos militantes que lhe são mais próximos.
Assim, por muito reformista e liberal que seja ou que queira ser PPC, vai ter que trabalhar com militantes que não são reformistas nem liberais, a grande maioria do PSD.
E só assim se consegue mudar alguma coisa dentro do PSD, envolvendo os militantes e discutindo com eles, e não excluindo-os numa lógica de "agora são os liberais que mandam no partido".
O entendimento que eu faço das palavras de PPC ontem - e de todo o percurso da sua campanha - é exactamente esse. PPC quer criar uma plataforma inclusiva. Ele tem uma linha política clara, mas não exclui ninguém nem pretende silenciar as divergências.
Por isso ele referiu que se asseguraria, se fosse eleito, que Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite não deixariam de ser convidados a candidatarem-se à AR: embora representem sensibilidades diferentes da sua, têm claramente o seu lugar no PSD.
O PSD não pertence ao seu líder. PPC parece ser o único candidato que tem consciência disso.
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