Deve ser para responder às preocupações de Portugal que na sua moção longamente maturada, Manuela Ferreira Leite arrisca que "devemos equacionar, nos diferentes sectores, a importância relativa dos sectores público e privado." Avançando até que "o Estado não pode, nem deve, estar em todo o lado."
Como medida concreta de cariz social, faz votos para que "o direito a uma habitação condigna se concretize". E vai ao detalhe de "adoptar medidas imediatas, orientadas pela preocupação de minorar as dificuldades que afectam os mais pobres e aqueles que se encontram privados de emprego."
Para o caso de subsistirem questões que preocupam Portugal, Manuela Ferreira Leite compromete-se a "apresentar um modelo alternativo de desenvolvimento." Não um qualquer modelo alternativo de desenvolvimento, evidentemente: este terá que ser um modelo "que valorize e explore as vantagens comparativas que podemos apresentar."
Realmente, com respostas destas às suas preocupações, Portugal bem pode dormir descansado. Agora, os portugueses...
No debate entre representantes das candidaturas organizado pelo blogue Psicolaranja, Nuno Morais Sarmento atacou com virulência os valores da candidatura de Pedro Passos Coelho, afirmando, e cito de cor, que se tratava de vacuidades que qualquer pessoa subscreveria. Claro que Morais Sarmento também teve de responder à questão: mas então onde estão as ideias da sua candidata, sr. doutor? De cor o cito de novo: esperem que a moção sai amanhã! Aí se conhecerão as ideias de Manuela Ferreira Leite para o País...
Esperámos. E lemos. A questão permanece: mas então onde estão as ideias da sua candidata, sr. doutor?
O mais concreto que encontrei na moção de MFL sobre o incentivo à criação de riqueza foi isto:
para que o PSD convença de novo os Portugueses a devolverem-lhe as responsabilidades de governação do País, é necessário apresentar um modelo alternativo de desenvolvimento. Essa é a tarefa principal que a nós próprios nos devemos impor. Um modelo que identifique os constrangimentos que nos afectam. Um modelo que valorize e explore as vantagens comparativas que podemos apresentar. Um modelo de orientação reformista, de que o PSD é o único verdadeiro intérprete, constitui o modo adequado para, com determinação e sem rupturas sociais, levar a cabo as mudanças que se impõem.
O mais concreto que encontrei na moção de MFL sobre a defesa dos mais fracos e vulneráveis foi isto:
Não ignoramos, evidentemente, que a resolução estrutural desses problemas depende do crescimento da economia portuguesa. Mas constitui para nós um imperativo ético de solidariedade adoptar medidas imediatas, orientadas pela preocupação de minorar as dificuldades que afectam os mais pobres e aqueles que se encontram privados de emprego. Essa é para nós, insista-se, uma prioridade central.
O mais concreto que encontrei na moção de MFL sobre a igualdade de oportunidades foi isto:
Ao Estado compete: garantir o acesso aos cuidados de saúde em condições de igualdade, independentemente da região do País em que se resida; assegurar que o direito à educação dependa apenas das capacidades de cada um e não das condições materiais de existência, que o direito a uma habitação condigna se concretize, que os cidadãos deficientes vejam afastados, na prática, os obstáculos que impedem o exercício de uma cidadania plena; criar condições acrescidas para uma integração harmoniosa dos imigrantes na nossa sociedade, valorizando o seu crescente contributo para o desenvolvimento de Portugal.
O mais concreto que encontrei na moção de MFL sobre o papel do Estado foi isto:
Afirmamos assim, sem hesitações, que o Estado não pode, nem deve, estar em todo o lado. E que o Estado – até em nome da necessidade de criteriosa utilização dos recursos públicos – deve antes centrar a sua acção naquelas que são – e devem continuar a ser – as suas obrigações indelegáveis, deixando, sem complexos, para a sociedade civil e as suas instituições, tudo aquilo – e é muito – que esta muito melhor é capaz de fazer.
O mais concreto que encontrei na moção de MFL sobre a relação do Estado com a sociedade civil foi isto:
devemos equacionar, nos diferentes sectores, a importância relativa dos sectores público e privado. Por exemplo, a predominância da rede de escola pública, o papel das Parcerias Público-Privadas, a função que deve caber às entidades privadas ou às Instituições Particulares de Solidariedade Social, em domínios como a saúde ou a protecção social.
AAN
Filipa Martins
João Espinho
Jorge Fonseca Dias
LR
Paulo Gorjão
Rui A.
TAF
Vasco Campilho
Vítor Palmilha
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