Os resultados do relatório EuroHealth Consumer Index 2007 são claros: os sistemas bismarckianos de saúde têm melhores resultados do que os sistemas beveridgianos.
Em português, isto quer dizer que os sistemas de saúde baseados em seguros sociais independentes dos prestadores do serviço têm melhores resultados do que os sistemas de saúde onde o financiamento e a prestação do serviço estão reunidos numa mesma organização.
Agora trocado por miúdos: se queremos um melhor serviço de saúde, com menos espera, melhor cobertura do território, mais liberdade de escolha, e melhores resultados, não podemos manter o nosso sistema tal como está. Quando quisemos democratizar e massificar os cuidados de saúde em Portugal, olhámos para a Inglaterra e para os países do bloco socialista. Foi um erro: devíamos ter olhado para a França ou para a Alemanha. Ainda vamos a tempo de corrigir.
No debate da TVI, Manuela Ferreira Leite reconheceu que vai ser muito difícil continuar a financiar a saúde em Portugal nos moldes actuais. Pedro Passos Coelho concordou, mas foi mais longe do que essa constatação: defendeu que o princípio de universalidade deve ser revisto - aliás não apenas na saúde - e explicou que a introdução de concorrência entre serviços públicos e privados poderá trazer melhores serviços, mais baratos e acessíveis a todos.
O falhanço do modelo centralizado e estatizado de prestação de serviços de saúde - que não tem aliás paralelo na Europa continental - ficou bem patente na revolta popular que levou à demissão do ministro Correia de Campos, quando este mais não queria que salvá-lo. No entanto, parece que em Portugal o SNS ainda é um totem e pô-lo em causa ainda é tabu. Mas talvez por pouco tempo. Este desabafo colocado na caixa de comentários do Correio da Manhã é ilustrativo do caminho que já percorremos e do caminho que ainda nos resta percorrer:
24 Maio 2008 - 19h18 | asilvestre
se acabarem com o sns não se esqueçam de devolver o dinheiro dos descontos feitos ao longo dos anos.façam bem as contas, pois quem mais descontou é quem vai pagar mais no futuro,resumindo querem por a classe média na miséria.para mim as pessoas deviam poder recorrer a qualquer hospital e o estado comparticipava, acabava a anarquia e os padrinhos no sns.todos para cuba já.
Quiçá por via de algum fetichismo relativamente ao SNS, asilvestre reage mal à quebra do tabu. Mas o princípio que defende é perfeitamente são, e coincide exactamente com as propostas de Passos Coelho: "as pessoas deviam poder recorrer a qualquer hospital e o estado comparticipava". Entendam os portugueses que este é o caminho do PSD, e estaremos prontos para a mudança em 2009, também nas politicas de saúde.
AAN
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João Espinho
Jorge Fonseca Dias
LR
Paulo Gorjão
Rui A.
TAF
Vasco Campilho
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