Caro
Bruno, não pretendi ofender ou maltratar o seu pensamento. Não era essa a intenção, evidentemente, e não queria que o entendesse dessa forma.
Purismos à parte, gostaria apenas de explicar as duas razões pelas quais me senti impelido a escrever o post em causa. Em primeiro lugar, estou convencido que a postura do comentador não se adapta à função do político numa sociedade democrática. É a tal velha questão weberiana da ética da convicção vs. ética da responsabilidade. Em segundo lugar, tenho uma já antiga implicação com os comportamentos, digamos,
self-defeating de muita da blogosfera liberal portuguesa, que não ajudam essa corrente de ideias a implantar-se mais solidamente no panorama político nacional.
Devo dizer que interpretei a sua dúvida sobre Pedro Passos Coelho justamente à luz dessa convicção e dessa implicação. Admito que erradamente. Sobre o fundo da questão, quem o esclarecerá melhor não serei eu, será o próprio candidato:
Não teme ser colado ao “menezismo”?
Aceito de muito bom grado apoios de todas as pessoas que concordarem com o que digo e com o que proponho. Espero que muitas das pessoas que apresentaram uma solução que eu critiquei e que não apoiei possam votar em mim hoje. Mas quererem transformar-me de um dia para o outro no herdeiro do dr. Luís Filipe Menezes é que me parece um absurdo tal que não merece mais comentários.
Bruno Alves
preocupa-se com a
pureza da fé de Pedro Passos Coelho. Apesar da confessa simpatia pelas ideias, não lhe basta que o ora candidato à liderança do PSD tenha explicitado repetidas vezes uma avaliação negativa do mandato de Menezes: Bruno Alves condiciona a sua aprovação ao
repudiar por Passos Coelho dos apoios
peçonhentos que ele identificou no "partido autárquico".
Tem razão Bruno Alves ao dar importância às condições necessárias à implementação do projecto reformista e liberal de Pedro Passos Coelho - não vai ser fácil. Mas engana-se ao acreditar que é a pureza do candidato e dos seus apoios que permite criar essas condições. Pelo contrário: é a abrangência e a heterogeneidade dos apoios ao projecto de Pedro Passos Coelho que lhe transmite a força de que necessita para o implementar.
Serão apenas os dissabores da democracia eleitoral que desaconselham o purismo dos líderes políticos? Penso que não. Desconfio dos puros que querem o poder. Simpatizo com comentadores puristas como o Bruno Alves, e aprecio a riqueza que trazem ao debate de ideias. Mas quando um puro adquire poder, a tirania está próxima.