É impressionante o silêncio em redor da criação do secretário-geral do sistema integrado de segurança interna. Esta personagem controlará todas as polícias do país e despachará directamente com o primeiro-ministro. Mais: esta figura sinistra será nomeada pelo próprio primeiro-ministro. Como é evidente, esta concentração de poderes é inaceitável. Não é uma questão de opinião. É uma questão de facto: numa democracia liberal, não pode existir intimidade entre governo e polícia. Quando digo isto não estou a entrar no mercado da indignação; estou apenas a ser analítico, ou seja, estou somente a relembrar que os governos democráticos não podem ter um superpolícia no bolso.
por Henrique Raposo, no Expresso (via atlântico).
Totalmente de acordo. Acrescento apenas que nem todos se calaram: a proposta de Pedro Passos Coelho relativamente à reorganização das forças de segurança vai justamente no sentido de despolitizar a sua coordenação, entregando-a aos próprios profissionais, sob uma tutela comum que garanta a operacionalidade dessa mesma coordenação. Muito diferente do intendente-geral socrático, que em tempos normais pouco pode fazer pela coordenação operacional dada a dispersão das forças policiais por diferentes tutelas, mas que em tempos de excepção adquire poderes que fazem temer pela integridade da nossa democracia.
AAN
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