Sobre o pagamento das dívidas a fornecedores do Estado, Manuela Ferreira Leite tem esta tirada fantástica: devem-se pagar, mas para isso não é preciso emitir dívida publica, basta inscrevê-las no Orçamento de Estado.
Ficamos assim a saber que:
a) MFL acredita nas virtudes mágicas da inscrição orçamental. Inscreve-se a despesa, e o dinheiro aparece;
b) MFL quer atirar o pagamento das dívidas que estão já atrasadas neste momento para o próximo ano. Afinal, o Estado é pessoa de bem por definição, logo não precisa de se comportar como tal, não é verdade?
c) Para MFL, uma proposta que se defende quando vem do PS - António Costa e o seu empréstimo da CML - já não é válida quando provém de um candidato à liderança do PSD.
Esclarecedor... não?
Aí está um aspecto importantíssimo da intervenção de MFL, ao qual não vi nenhum comentador referir-se, como se este facto não dissesse respeito ao país e a todos nós.
A inclusão das dívidas do Estado às empresas (que se foram acumulando sem o mínimo de preocupação por parte dos anteriores governos quanto aos efeitos práticos daí resultantes) no próximo OGE, das duas uma: ou implica aumento da receita - neste momento os indicadores económicos não apontam nesse sentido -, ou implica corte na despesa - o que de acordo com as minhas previsões não se torna viável, atendendo à proximidade das legislativas -, ou então, e isso sim, implicará necessariamente o descontrolo do défice público cujas efeitos nocivos, passarão de novo pelo descrédito na capacidade de gestão dos nossos governantes ao nível da UE, já para não falar na afectação dos "ratings" do crédito que suportam a actividade económica no nosso país através do recurso ao crédito, com todas as consequências que daí advêm para o apoio ao tecido empresarial português: o que ainda resistente e o novo vindo; já para ficarmos por aqui, é claro, porque os efeitos colaterais desta medida são muitos e prometem ser mortíferos.
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