Eu não queria
comentar: estou com muito trabalho e a minha vida não é isto... mas não resisti ao
desafio de um nosso leitor.
Tiago Barbosa Ribeiro defende que a linha programática liberal no PSD é um roubo de bandeiras ao PS. Não seria necessário a ministra da Saúde vir a terreiro
recolocar-nos em 1976 para perceber o escabroso dessa proposição. É certo que o velho slogan
"Partido Socialista, Partido Marxista" já não tem curso no PS socrático. Mas a verdade é que a história da democracia portuguesa não passa de um longo (e lento)
aggiornamento do PS relativamente aos anacronismos que herdou da sua génese, na via da democracia liberal europeia que o PSD abraçou desde a sua fundação. Só que quando o PS finalmente se dispõe a abraçar as nossas bandeiras, em geral é sinal que elas já estão ultrapassadas.
Por isso é que a verdadeira clivagem entre os dois grandes partidos portugueses não é
esquerda vs. direita: é inércia vs. movimento, é passado vs. futuro. O PSD tem uma matriz ideológica abrangente - personalista, liberal e social-democrata - que vai tentando com mais ou menos sucesso adaptar aos tempos e às circunstâncias. O PS tem uma memória - republicana, reviralhista e PRECista - que tenta preservar apesar da sua crescente irrelevância para a acção no tempo presente.
Pedro Passos Coelho, nisto tudo, aparece como o candidato mais capaz de protagonizar a adaptação da matriz de sempre do PSD às circunstâncias e às necessidades do tempo presente. O candidato mais capaz de devolver ao PSD o papel de liderança da sociedade portuguesa no seu movimento para a modernidade. É isso que incomoda Tiago Barbosa Ribeiro. No seu lugar, também me sentiria incomodado.
De FV a 8 de Maio de 2008 às 16:42
O PSD será verdadeiramente diferente do PS se deixar completamente de lado a teoria do investimento público como motor da economia. Tanto MFL como PPC parecem caminhar neste sentido, mas espero que não ponham isto na gaveta, já que actualmente representa o maior erro de sócrates.
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